*GONZOTRIP (Roadtrip entre Brasília e Recife nos fins de 2023) – BRASIL
*Gonzo é uma forma de escrever e fazer jornalismo/filmes. A inspiração pra isso foi simplesmente o filme MEDO E DELÍRIO EM LAS VEGAS, com Johnny Depp nos anos 90 interpretando o jornalista Hunter S. Thompson. Bill Cardoso, repórter do Boston Globe foi quem apelidou esse estilo de jornalismo de Gonzo. GONZO é uma gíria do sul de Boston pra designar o último homem de pé depois de uma maratona de bebedeira! Gonzo é qualquer produção de mídia em que o narrador abandona qualquer pretensão de objetividade e se mistura profundamente com a ação!
Gonzotrip é um termo cunhado por mim pra designar essa viagem espetacular que fiz de carro entre o centro-oeste e o nordeste brasileiro.
Foi das mais memoráveis no fim de 2023.
Depois de 13 anos fora de Recife (Tonho nasceu e cresceu em Hellcifeliz), decidi voltar pra lá no fim do ano de carro pela primeira vez. Essa roadtrip inesquecível partiu de BSB (vulgo Brasília), com destino a minha terra prometida particular: PERNAMBUCO. Portanto, tudo que escrever sobre PE poderá ou não estar regado pela minha visão ultra-particular. Isto é, poderei ou não puxar a sardinha pro meu lado (que é pernambucókos até o talo).
Em pouco mais de 24 horas de carro ininterruptas dá pra chegar de uma a outra. Mas na ida eu tava sozinho. Era um lonely ranger sem pressa de chegar. 3 amigos meus haviam declinado do convite de ser meu co-piloto nessa aventura. Decidi fazer o trajeto em “apenas” 9 dias. Meu caminho foi traçado pelo destino e pelos meus desejos. Primeira e agradável paragem entre BSB e Recife foi BOM JESUS DA LAPA (The Good Lord of the Cave).
Pouco mais de 8 horas separam esses dois destinos. Bom Jesus da Lapa fica na beira do Rio São Francisco e atravessá-lo já visualizando o morro que esconde as Cavernas (Lapas) em que a Igreja Católica se apossou pra fazer uma catedral e outros locais de culto já me deixou empolgado!
A cidadezinha encrustada no coração do sertão nordestino é lindinha demais. Preparada pra receber o turista seja ele católico ou não, oferta diversos tipos de acomodações e restaurantes/bares/cafés. Isso mesmo. Ela também tem uma praça enorme diante da Lapa que é local de peregrinação de fiéis ao longo do ano, seguindo o calendário católico e as festas locais (não me pergunte quais festas e quando… não tenho ideia, nem quero saber). Vá lá independente de sua religião (se é que tenhas uma).
Embaixo desse morro de pouco mais de 90 metros ficam escondidas grutas esculpidas pela natureza, pelo rio São Francisco, dentre outros. A Igreja Católica se apossou dessa belezura de cavernas e os fiéis vão aos montes anualmente por lá pra fazerem suas rezas. Em cima do morro tem uma vista deslumbrante desse sertãozão, conforme fotos contidas nesse relato. O velho chico passa ali, bem ao lado, e quando passei por lá os tons barrentos dele pouco convidativos não me empolgaram para um mergulho.
Leia até a parte em que falo de Petrolina que verás que Tonho tomou um banho nesse mesmo velho chico numa área dele MUITO mais convidativa nas franjas da cidade, de cueca e tudo! Yeah! Tonho quando não tem sunga, dá o tchibúm de cueca box, por que não? Se for branca, ainda mais sexy fica!
Passei só uma noite lá pra no dia seguinte continuar minha perambulação pelos interiores da Bahia até Pernambuco. Pense num sertão lindo demais-da-conta! Quem nunca viajou de carro pelo interior nordestino não sabe o que está perdendo. O que mais há são paisagens deslumbrantes, muitos cactos, pedras, árvores secas sem folhas, flamboyants floridos em suas mais diversas colorações, pássaros dos mais diversos, burricos magros, vacas magras, bodes gordos fazendo bêeeerrrrhhh, montanhas gigantescas, planícies, planaltos, rios secos, dentre outras coisinhas mais!
Já foste à CHAPADA DIAMANTINA?!!! Se não foi, não sabe o que tá perdendo. Pra mim, que já viajei o Brasil quase todo e conheço pra mais de 20 estados, essa Chapadona com montanhas que superam os 2 mil metros de altitude ganhou um lugar especial no meu coração. Depois do estado do RJ que contém as paisagens mais lindas e fodásticas desse Brasilzão, creio que a Chapada Diamantina é o lugar mais lindo do Brasil. Digo isso sem medo de ser feliz e de ofender a quem quer que seja.
Fernando de Noronha é foda, linda. Mas é uma ilha. Não conta. No nosso Brasil Continente, Meu top 10 de paisagens fodásticas inesquecíveis são:
- Estado do RJ (Capital, Serra, Praias do litoral como Paraty e Búzios, dentre outros…)
- Chapada Diamantina (Lençóis, Piatã, Mucugê, Fazenda Pratinha, dentre outras como SALVADOR)
- Estado de PE (Recife, Olinda, Tamandaré, dentre outras)
- Estado de SC (Floripa e todas suas praias e montanhas do entorno, Praia do Rosa, Balneário, dentre outras)
- Estado do RN (Pipa, Natal, dentre outras)
- Estado de Alagoas (e todas suas praias)
- Estado do Pará (Belém, Alter do Chão, Salinópolis, dentre outras)
- Estado de SP (SP capital, litoral norte, interior e tantas cidades com qualidade de vida que se assemelham à gringa, dentre outras)
- Estado do Espírito Santo (Vitória, Vila Velha, Guarapari, Parque Nacional do Caparaó, Parque Estadual da Pedra Azul, dentre outras)
- Estados de MG/GO/DF (por que no entorno do meu quadradinho do Goiás, o DF, tem muitas coisas lindonas demais-da-conta… não posso nem começar a enumerar elas, sob pena de esquecer alguma…)
Bom, mas voltando a minha GONZOTRIP BSB-REC, no dia seguinte a Bom Jesus da Lapa o meu destino final seria PIATÃ. Essa cidadezinha no meio da Chapada Diamantina contém das melhores fazendas de café do nosso Brasil.
Dentre elas uma premiadíssima. Já ganhou 4 títulos de melhor café do Brasil nos últimos 10 anos. Fui lá, quando tava de passagem pela estrada saindo da cidadela pra continuar minha roadtrip e por acaso encontrei o dono do estabelecimento, que está inclusive numa foto nos pacotes do seu café premiado. Ele me recebeu com muita atenção e boa vontade. Ele e seu filho. Me forneceu ensinamentos sobre o processo de colheita, cultivo, manufatura e torra dos grãos que jamais esquecerei. Tudo isso foi por acaso. Eu havia tentado entrar em contato com eles por e-mail, pois havia a informação de que tinham uma lanchonete-café preparado pra receber o viajante/turista. Mas não responderam meu e-mail, então eu havia perdido a esperança de encontrar qualquer coisa por lá. Já não lembro do nome do café… mas que é bom, é! Caso queira descobrir o nome dele, faça sua pesquisa na internê. Certamente com um pouco de catilogência, chegarás a esta informação, com certeza!
Bom, em Piatã não achei hotel e fiquei num airbnbzinho de première. O dono era um paulista gente boníssima (aposentado morador de lá) que me deu todos os macetes da região, dos café-ZES e de onde compra-los. Deu certo! Ah! Ainda fiz uma trilha supimpa que começava defronte da minha casinha por uma noite. Lá fui eu subir a montanha em frente ao flat em que fiquei. Foram apenas 600 metros de subida vertiginosa só pra ver a cidadela de Piatã lá de cima. Pense numa coisinha bonitinha. No meio de duas cordilheiras de montanhas que alcançavam seus 1800 metros. A cidade fica a 1200 metros num vale entre essas 2 cordilheiras. É a cidade mais alta de todo o nordeste brasileiro. No inverno espere pegar temperaturas congelantes por aqui. É alta temporada. Portanto, reserve com antecedência se queres gozar de tudo isso aqui. Ela tá preparadíssima pra receber ao turista com restôs, cafés, bares, dentre outros. Não é a primeira opção de quem vai pra Chapada Diamantina, pois LENÇÓIS ocupa esse lugar.
Piatã ainda conta com um aeroporto. Isso mesmo. Se fores milionário e tiver um jatinho já podes ir lá pra conhecer essa belezoca.
Duvido que um milionário vá ler isso aqui. Parte por que não param pra ler nada, parte por que são ignorantes mesmo, parte por que eles têm alguém pra ler por eles. Se precisares de mais dicas vips da região, entre em contato, me pague, que eu lhe levo lá pessoalmente!
No dia em que fui a Piatã, antes mesmo de chegar lá eu tinha reservado uma experiência GASTRÔ numa vinícola VIP em Mucugê. 300 PILAS por uma reserva antecipada pra comer uma comida fuderoza, com vista pra vinhas das mais diversas uvas e montanhas lindas demais (só havia visto esse cenário antes em Fanschhoek e Stellenbosch– SOUTH AFRICA – veja meu post sobre as vinhas sulafricanas!).
A comida era boa sim, as paisagens eram lindas a vera. Mas lamentavelmente o vinho era caro e pretensioso. Além de eu não ter a permissão de perambular pelas vinhas pra sacar as fotos que tive vontade de tirar. Experiência semi-lamentável. Só não vou dar nome aos bois, pois o bom entendedor saberá identificar essa vinícola nova, que nem 2 anos de vida tem e já vende vinhos cujas garrafas custam mais de 100 pilas sem nem ter uma avaliação no VIVINO. Pretensioso? Yeah! Soube por fofoca de locais que um milionário investiu nessa vinícola por que queria e futuramente fará um hotel por lá. Boa sorte pro seu empreendimento como um todo!
Mas entre MUCUGÊ e Piatã, por pura e simples ignorância, tive que pegar uma “pequena” rota de 40km de estrada de barro muito bem conservada na ida e na volta. Deu certo! Foi lindo botar meu possante pra andar a 80km/h numa pista offroad!
Levantei poeira e cheguei são e salvo nos meus destinos do dia. Mais uma história pra contar. Lógico que da próxima vez já sei que há 2 Chapadas Diamantinas e a comunicação por estradas asfaltadas entre elas é longa e demorada. MELHOR PEGAR A EXPERIENCIA OFFROAD NOVAMENTE, se fores vivo e quiser desse tipinho de experiência.
De Piatã, parti no dia seguinte pra fazer uma roadtrip curta até Mucugê pra almoçar num restô simples e despretensioso e depois pernoitar em IGATÚ.
MUCUGÊzinha é linda demais! Puro suco de Brasil-Colônia: casinhas em estilo português-simplório. E sua origem é histórica mesmo. A CHAPADA DIAMANTINA TEM ESSE NOME POR QUE AQUI SE ACHAVAM DIAMANTES, OURO, DENTRE OUTRAS PÉROLAS BRASILEIRAS…
E os portugueses filhos da puta queriam o quê? Enriquecer facilmente às custas de trabalho escravo. Enriqueceram. Junto com isso aniquilaram com o equilíbrio ecológico do lugar. Foderam com a mãe natureza. Mas isso até certo ponto. ATUALMENTE A CHAPADA DIAMANTINA é uma grande reserva. Ao menos você não pode chegar lá e sair com uma peneira num leito de rio procurando por ouro. Nem por diamantes assim… tá tudo proibido por lei. E por uma boa razão. Nosso governo faz merdas atualmente, como sempre fez. Mas de vez em quando passa uma lei boa. Formidável no caso. Proibiram qualquer mineração na região. Parece quem atualmente em Piatã estão liberando a mineração, não é à toa que construíram um aeroporto por lá. Tem gente com grana envolvida nessa história. Cabe a você investigar…
Mas voltando ao trajeto dessa GONZOTRIP, eu fui dormir em IGATÚ, pois eu havia comprado a balela turística de que lá é a Machu Picchu brasileira. Já ouviu falar de Machu Picchu? Igatú é vendida em pacotes turístico como isso. Está longe de ser e jamais será, ok? Mas ela tem seu charme de cidadela construída na base de pedras, suor, diamantes e sangue negro e indígena. Visitei uma GRUMA por lá. Não sabia o que era uma gruma até adentrar numa. Pra mim seria uma gruta. Ou uma caverna. Mas não é. Gruma é um buraco escavado por mãos humanas pra catar metais e pedras preciosas. Lá em Igatú tem uma gruma cuja visita guiada é feita por um descendente de escravos que ali trabalharam e atualmente detém a propriedade do lugar. Você dá a ele quanto achar que o justo após o passeio que é, diga-se de passagem, LINDO. Sobretudo pelas informações que ele lhe passa de cunho histórico e pessoal. No fim, eu me emocionei. Deixei mais dinheiro do que o necessário. Mas a história dos escravos que ali deram seu sangue e suor me emocionaram. Deixaram os cabelos da minha nuca arrepiada. O bolo no topo da cereja é um olho dágua que fica no início da gruma. Olho dágua pra você que não foi à escola ou não estudou o suficiente significa um laguinho. Ele tinha a cor verde, estava cheio de vegetações penduradas no seu entorno, beija-flores únicos da chapada diamantina também estavam por ali, tirando o seu néctar das flores. Eu dei um tchibúm nesse olho dágua, pois ele estava pedindo. Não preciso dizer que lavei minha alma e de todos os escravos que perderam sua vida por ali naquela região séculos atrás.
Acho que eu estava ainda sob a influência da minha última leitura bahiana do ano passado: TORTO ARADO de Itamar Viera Júnior. Fiquei me imaginando naquelas terras marcadas pelo sangue negro tão surrado e sofrido. E isso deixou o passeio muito mais significativo! Se ainda não leu, recomendo demais! Já disseram que ele era o novo Jorge Amado. Está longe disso. É totalmente diferente. Mas é bahiano com certeza. É potente. Fala dos nosso povo como Jorge Amado falava, sim.
De noite em Igatú eu decidi seguir as dicas do meu amigo Willian Nunes e parti pra provar um pastel de palma. Palma é simplesmente o cacto que o sertanejo cultiva pra alimentar o gado durante a seca. Ele bem temperado fica uma delícia e não me decepcionou. Também comi outro pastel de jaca e estava supimpa. Tudo isso com um bom suco de caju. Voltei empanturrado pro meu quartinho de pousada pronto pra embarcar nos braços de Morfeu
No dia seguinte, cedo após o café da manhã parti pro novo destino dessa roadtrip: LENÇÓIS. ELA É A princesinha da Chapada Diamantina. Destino mais turístico da parada. Inclusive tem aeroporto. Além de brasileiros de origem variada, os que mais visitam a região são ISRAELENSES.
Minha intuição me faz crer que o DIAMANTINA do nome da região é o motivo por trás desse interesse. Trilhas incríveis, cachoeiras lindas de águas cristalinas e natureza extremamente bem conservada deve ser o motivo secundário pra essa galera vir bater aqui!
A cidadezinha é toda também construída com bases lusitanas no meio da natureza. Portanto se procuras um casario bem charmoso e conservado, encontrarás abrigo aqui também. Alta gastronomia também se encontra por aqui, além de bares, cafés, restaurantes dos mais diversos preparadíssimos pra receber você, viajante/turista/curioso de plantão!
De Lençóis consegues acessar o ICÔNICO MORRO DO PAI INÁCIO, este que é um dos cartões postais do Brasil. Se ainda não o viu, dê uma googlada nele e imagine o quanto é legal fazer uma trilha da base do seu estacionamento até seu top em formato de chapada (daí o nome), com linda vista para a BR 242. Ele fica a 1100 metros de altura. Faz frio de noite e ainda mais no inverno. Todo o tráfego pesado de caminhões entre Salvador, Seabra, Barreiras, dentre outras é feito por aqui. Se prepare pra encará-los.
Passei duas noites aqui numa pousadinha chinfrin, mas com um café da manhã delicioso! Até bolinhos de estudante tinha. Pergunte a um bom bahiano o que é um bolinho de estudante e ele dirá.
Não conheço tanto assim Salvador (só fui 2 vezes lá e não passei tanto tempo). Mas o interior da Bahia eu conheço bem! Já passei na ida e na volta 7 noites no sertão de lá. A comida é deliciosa! Muita carne de sol, bode, dentre outras variações! Muito uso da tapioca, farinha, dentre outras variações da nossa linda e única MACAXEIRA (pros iletrados do sul/sudeste: aipim ou mandioca).
De Lençóis decidi fazer um caminho mais longo, porém pessoalmente significativo pra mim até Recife: parti pra Petrolina, no OESTE PERNAMBUCO direto de lá pra um dos trechos mais longos de gonzotrip. Pouco menos de 500 km separam esses 2 lindos destinos do sertão nordestino.
Cheguei a Petrolina fim de tarde, e peguei um engarrafamento fuderozo de cidade grande ainda em Juazeiro, Bahia. JUAZEIRO, segundo os locais é o bairro pobre de PETROLINA. A princesinha do sertão pernambucano é local de muitas riquezas. Sobretudo vindas da terra. Aqui, na beira do velho chico se planta de tudo e mais um pouco, inclusive daqui saem aviões gigantescos com as nossas lindas e saborosas frutas pra todos os cantos do mundo. São mangas sem fibra que se come de colher, uvas sem sementes das mais doces, dentre outras coisinhas mais, como vinhos, espumantes.
Também temos bodes a perder de vista nessa paisagem semi-desértica. Aqui se tira leite de pedra. Conhece essa expressão? Só por que estamos na beira do rio São Francisco conseguimos extrair da terra o ouro. Até maconha se planta por aqui, no famoso polígono da maconha. Atualmente a polícia federal continua fazendo vista grossa num momento, e queimando plantações em outro pra fazer média com a população e sair no noticiário. Caso a maconha fosse legalizada nessa bosta de país, acredites, seríamos uma potência em termos de óleos medicinais de CBD e THC, além de outros substratos do cânhamo. Pra isso, basta vontade política. A opinião público é só um detalhe. Nesse país de merda cheio de gente fundamentalista e tradicional, esqueça a legalização da erva. No dia que vier, trará muito desenvolvimento pra esse canto do Brasil-sil-sil.
PETROLINA é uma cidadezinha mediana. O povo é caloroso. A comida é maravilhosa. E as praias do velho chico que a circundam são dignas de nota. Lembram o caribe de tão cristalinas que são suas águas. Como disse no início do texto, tomei um banho de rio aqui de forma espontânea de cueca box preta. Foi revigorante. Lavei minha alma. Daqui parti pra conhecer algumas vinícolas mais ao leste da cidade, já em outro município que é apoiado pelas políticas desenvolmentistas da região. Comprei vinho e espumante a dar com pau. Alguns bons, outros uma bosta. Alguns rótulos da Rio Sol, apesar de serem muito bem avaliados no Vivino só servem de tempero pra carne de segunda na panela de pressão. Já outros rótulos estavam muito saborosos, conforme fui provando-os.
Aqui fiquei duas noites pra dar um tiro longo até Arcoverde, mais perto do meu destino final Recife.
Cruzei todo o sertãozão do meu Pernambuco até chegar a TRIUNFO, que fica praticamente no meio do caminho até a capital. Já tinha ouvido falar tanto de lá, que era encantadora, tinha um teleférico, que era fria nos invernos, que era a SUIÇA PERNAMBUCANA, mas pra mim, foi decepcionante. Não sei se é por que eu estava numa viagem longa de carro. Mas creio que foi por que havia recém-chegado da Chapada Diamantina. Triunfo não é lá essas coisas todas retratadas pelos meus pares pernambucocos. Vale uma viagem até lá? Só se estiveres de passagem. Achei mais bonita visualmente Serra Talhada logo ali embaixo. Serra Talhada é isso, tem uma montanha gigante que foi cortada pela mãe natureza no topo e virou pista de pouso pra disco voador.
De lá, cansado da vida cheguei a ARCOVERDE. Green-arc é o portal do sertão pernambucano, conforme vais adentrando do litoral até o interior em PE. E seu entorno é lindo demais da conta. Próximo a ela existe BUIQUE e o PARQUE NACIONAL DO CATIMBAU. Se nunca ouviu falar desse lugar, fique ouvindo. Fique imaginando uma paisagem quase de desértica de chapadões, montanhas, cactos e pedras, pontuados por pinturas rupestres. Ainda não fui no Catimbau, mas ele tá no topo da minha lista de locais a visitar em PE nos próximos meses!
Cheguei a ARCOVERDE no fim de tarde cansado pra kct e arrependido de ter subido até Triunfo pra não ter aproveitado como deveria. Pernoitei lá numa noite de 23 de dezembro pela primeira vez nessa viagem de 8 noites entre BSB e REC com banzo. Bateu uma tristeza no meu coração ao pensar que eu já poderia estar em Recife com a minha família amada. Que eu não deveria ter parado em Triunfo. Que eu poderia ter feito o trecho Petrolina-Recife em apenas um tiro longo.
Deixei esse momento depressivo pra trás, adormeci e no dia seguinte fui premiado pelo café da manhã mais rocheda de toda essa GONZOTRIP2023. Tinha macaxeira cozida com 3 opções de proteína: bode, galinha e charque; tinha banana cumprida cozida, tinha pães variados e queijos qualho e manteiga (isso mesmo… há um queijo no interior de PE que se chama queijo manteiga… pense numa explosão de sabor!), dentre outras gostosuras. Mais puro suco de sertão não há. Me esbaldei. E parti pro último trecho dessa viagenzinha.
Pela BR 232 a partir da altura de São Caetano a pista duplicou. Significando dizer que esses pouco mais de 2000 km percorridos em pistas de mão e contramão ficaram pra trás. Eu estive sozinho nesses 9 dias de viagem e prometi pra mim mesmo que não passaria de 100 km/h, por estar sozinho, por eu ser uma carga preciosa demais que não poderia sofrer avarias. Prometi pra mim mesmo e pra minha família que acompanhava com apreensão essa viagem.
Mas quando a pista duplicou, eu não pude me segurar. Parecia que estava rodando aqueles pouco mais de 150 km restantes como se fossem o meu próprio quintal. O que fiz? Isso mesmo: comecei a dirigir em alta velocidade, escutando um indie rock’n’roll que me acompanhou desde o primeiro minuto de viagem. Isso mesmo: Tonho é rocker. É indie. É pop. É hip hop…. trocadilhos à parte, tenho uma playlist no spotify que se chama INDIE ROCK – OBSESSÃO INFINITA. Coloca lá tudo que é som que não sei identificar como sendo punk, heavy metal, new metal, trash metal, ou o que quer que seja. É banda desconhecida e/ou obscura? É indie pra mim! Se eu gostei de como ela soa, ponho lá. Sem medo de ser feliz, sem rótulos. Apenas o rótulo indie. Ele abarca praticamente tudo, contanto que seja independente. E o conceito de independente mudou muito dos anos 90 pra cá. Houve essa revolução musical fonográfica inclusive. O resultado é esse: acesso a música de boa qualidade onde quer que estejas a um custo mensal irrisório comparado na época em que eu investia em fitas, CDs e vinis.
Percorri 150km em BEM MENOS QUE A PREVISÃO DE 2 horas e pouco. Não me pergunte em quanto tempo percorri. Só sei que foi assim. Ayrton Senna do Brasil-sil-sil estava ali de cima me olhando.
E agora vou te confidenciar algo que não havia falado nem pra meus pais, nem pra minha linda esposa, a Tônha Bordão:
Eu bati num carro na esquina da casa do meus pais em Jamaicandeias, nos arrededores de Recife. Isso mesmo. Eu ainda tava no modo túnel de direção de autoestradas em que entro quando dirijo rápido. E arrastei a lateral do carro numa tartaruga, ops, num velho cadete da Chevrolet que ficou puto comigo. Depois de uma discussão com o motorista do outro carro, cheguei em casa são e salvo.
E sabe qual foi a sensação? Pura emoção. Sou “manteiga derretida”. Eu estava emocionado. Chorava feito criança. E cheguei feliz da vida, com a sensação de que uma jornada a qual eu havia prometido que cumpriria ainda em vida havia sido feita. E feita da melhor maneira possível. Essa tinha sido a minha primeira viagem sozinho. Só a fiz depois dos 40… isso mesmo. Demorou pra caralho.
Todo morador de Brasília que se presa já fez esse caminho: o da jornada até o litoral. A preferência pela localidade mais próxima daqui é o sul da Bahia. Mas eles chegam nos mais distante recôncavos do nosso nordestão. Que o diga as amigas brasilisenses que fiz na minha adolescência MUITO BEM VIVIDA EM VERANEIOS INACABÁVEIS EM TAMANDARÉ-PE.
Se ainda não ouviu falar de Tamandaré, dá uma conferida nessa resenha que escrevi sobre esse paraíso brasileiro que “pouca gente” ainda conhece!
Ah! Também tem a história GONZOTRIP 2024 de retorno REC-BSB! Fica pro próximo post! Nessa trip, quem estava comigo era Tonha Bordão e Bianca Bordão (nossa filhota de, na época, 2 anos e pouquinho. Foi uma outra viagem dos sonhos com roteiro diferente da ida, logicamente! Passamos por PIRANHAS/ALAGOAS, LENÇÓIS/BA, dentre outros… Se liga na próxima publicação!
Foram 361 fotos tiradas em 9 dias de viagem. Vou ter que fazer uma pequena seleção delas pra te mostrar um pouco do que vivi nesse gonzotrip.
Fica a dica. É de grátis, by Tonho Bordão!
Dicas gerais pra viagem
(que podem ou não se aplicar a TODA VIAGEM QUE FIZERES):
Aplicativos:
Assim que chegar ao aeroporto, já procure as lojas de operadoras de telefonia local, e compre um pacote de dados pré-pago e um sim-card. Com ele, você poderá consultar os aplicativos e fazer pesquisas na internet quando surgir dúvidas sobre a viagem, NO MEIO DA VIAGEM. No aeroporto os preços desses cartões são ligeiramente mais caros do que nas lojas de ruas do seu destino.
Eu sempre usei o aplicativo tripadvisor pra fazer pesquisas de restaurantes e bares, além de sugestões de passeios mais populares nos lugares que estou visitando. Além de selecionar restaurantes e experiências que são ranqueados pelos próprios usuários do app, dá pra ver fotos, consultar os menus e preços, horário de funcionamento, endereço e tomar a decisão de onde ir previamente. Sem sustos e imprevistos.
Outro aplicativo que não pode faltar é o google maps ou o waze para conseguir dirigir e trafegar sem se perder. Na verdade, o TRIPADVISOR perdeu o seu lugar de pesquisas pra bares e restaurantes pra mim. O google maps faz esse papel agora. Saio clicando nos restaurantes, de olho nas suas notas e avaliações e sobretudo na quantidade de avaliações. ISSO JÁ TE DÁ UM NORTE SOBRE ONDE COMER, tendo ideia de quanto irá gastar inclusive, olhando o cardápio do lugar nas fotos. Baixe a versão offline do google maps praquela região em que estás indo. Pode ser que nas estradas não haja sinal de telefonia, portanto o mapa continuará funcionando bem se tiver a versão offline do mapa.
Pra fazer reservas de hotel, uso o aplicativo. Sempre que tive problemas com a reserva ou com o Hotel o booking foi bastante rápido no atendimento e resolveu o problema. Ou se o local for muito caro, como nas grandes capitais e compensar, uso o aplicativo do Airbnb. Mas não custa nada comparar preços do mesmo hotel no google. E, se for o caso, entrar em contato direto com a propriedade e reservar com eles, pois o preço certamente será menor.
Para aluguel de carros, usei o, que é da mesma empresa do booking. Mas também vale a pena fazer o mesmo daí de cima: procurar outros sites e comparar preços antes de reservar. E checar a avaliação da locadora no google maps também. Fica a dica. É de grátis.
Segurança:
Em qualquer lugar que viaje, fique atento como se estivesse no Rio de Janeiro, em Recife, ou em qualquer outra grande capital brasileira. Portanto, estamos vacinados. Não devemos circular a pé à noite pelas ruas. Se for para um bar ou festa, pegue o uber da porta do hotel/airbnb e desça em frente ao local a que se dirige, sem dar bobeira. Na maioria dos locais você sempre vai encontrar flanelinhas na região de bares e restaurantes. Por mais que a cidade seja pequena, eles estarão lhe aguardando no estacionamento. Cumprimente-os, e na saída dê uma gorjeta pra eles. Não vá querer arrumar encrenca em terras estrangeiras. Durante o dia, circule normalmente pelas ruas nas áreas mais movimentadas e turísticas sem nenhum problema. Mas sempre com o “alerta ligado”.
Ao longo dessa viagem de mais de 2 mil quilômetros rodados, não me deparei com nenhuma situação de emergência, nenhum pneu furado e nenhuma parada em blitz. Sempre dirigi durante o dia (com luz solar) por estradas em sua maioria em bom estado de conservação e asfaltadas. Em uma ou outra ocasião o google maps me colocou em estradas de barro no interior do sertão e não tive nenhum problema. Procure percorrer estradas muito vazias sempre em um comboio informal. Fique próximo de outros carros por questão de segurança.
Vá, sem medo de ser feliz!
Último quesito. Esse MUITO IMPORTANTE PRA MANUTENÇÃO DESSE ESPAÇO AQUI:
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